quarta-feira, dezembro 26, 2007

O Vício do Poder

in Traição do eu – o medo da autonomia no homem e na mulher, Arno Gruen

Páginas: 83, 84 e 85


“O vício do poder destrói o coração do homem. Insistindo cegamente em tal defeito, o homem diminui-se a si próprio e à mulher, de cuja cumplicidade precisa, para confirmar a sua imagem de poderoso. É esta imagem que, conscientemente ou não, se tornou o sentido da sua existência. Verdadeiro amor não pode surgir porque ninguém está para ser desafiado nos seus pontos sensíveis. Só o que confirme tal imagem é considerado aceitável numa relação “amorosa” dessas. O “Eu” que teria sido possível a cada um é odiado, como ele inclui, também, a vivência do desamparo e do sofrimento. Evita-se a verdadeira responsabilidade, assim como a verdadeira compreensão do outro e de nós próprios. Vivemos em charadas e quando essas não resultam, enfurecemo-nos e matamos.

Passamos as nossas vidas à procura de heróis. E, no momento em que elegemos para nosso herói (ou nossa heroína) se transforma numa pessoa real, deixamo-lo (ou –la). Passamos a desprezá-lo. Ao agirmos assim nem reparamos como, e dentro da lógica do nosso procedimento, nos sentimos enfraquecidos pela perda” – próximos da morte. A depressão e o desespero que constituem o pano de fundo da nossa cultura aparentemente tão radiante são sintomas inequívocos disso.”

(…)

O homem cria a imagem de poder, de controlo, de invulnerabilidade, no fundo uma necessidade de agir como um herói porque foge da realidade, que contém sofrimento e desamparo. Essa “metafísica do sucesso” pode ser uma máscara de alegria.


“Como é natural, a realidade do mundo sentimental verdadeiro consiste, também, noutros conteúdos vivenciais: alegria, êxtase, coragem e luto.

Mas não da alegria que se instala por passarmos à frente de alguém, ou o êxtase que pode ser causado pelo sucesso obtido numa competição, quer dizer, todas aquelas vivências que, já de si, provém de uma realidade “postiça”: a da necessidade de ter sucesso para fugir ao falhanço. Falo da alegria baseada em empatia causada pelo desenvolvimento de outra pessoa, ou até de uma planta; a vivência partilhada de alegrias e tristezas. (…)”


O mito da mulher troféu, reluzente, que numa desmedida solicitude nos preenche a pretensão do ego para a superioridade, no fundo a presença de outros, em contexto grupal leva o homem ao jogar pelo inseguro.
A mulher como extensão do homem, segundo a teoria deste autor.
Também podemos referir que muitas mulheres ainda valorizam a imagem estereotípica da postura M. Aceitam a condição de sub conjugação, ignoram que sem igualdade, não existe uma verdadeira apreensão da realidade.
A falsa cedência por parte da mulher advém de um défice de confiança intrínseca que teima em parecer carecer de um excesso de auto-afirmação por parte do homem, o seu herói protector.

Arno, Gruen

1996 A Traição do Eu, o medo da autonomia no homem e na mulher, Assírio & Alvim, Lisboa

Livrarias: Assírio e Alvim

Formiga

sábado, dezembro 15, 2007

São Nicolau


O Santo deste dia é São Nicolau, muito amado pelos cristãos e alvo de inúmeras lendas. Nicolau nasceu na Ásia Menor, pelo ano de 275, filho de pais ricos, mas com uma profunda vida de oração. Tornou-se sacerdote da diocese de Mira, onde com amor evangelizou os pagãos, mesmo no clima de perseguição em que viviam os cristãos.

São Nicolau é conhecido principalmente para com os pobres, já que ao receber por herança uma grande quantia de dinheiro, livremente partilhou com os necessitados. Certa vez, Nicolau sabendo que três pobres moças não tinham os dotes para o casamento e por isso o próprio pai, na loucura, aconselhou-lhes a prostituição, atirou pela janela da casa das moças três bolsas com o dinheiro suficiente para os dotes das jovens. Daí que nos países do Norte da Europa, através da fantasia, viram em Nicolau o velho de barbas brancas que levava presentes às crianças no mês de Dezembro.

Sagrado bispo de Mira, Nicolau conquistou todos com sua caridade, zelo, espírito de oração, e carisma de milagres. Historiadores relatam que ao ser preso, por causa da perseguição dos cristãos, Nicolau foi torturado e condenado à morte, mas felizmente salvou-se em 313, pois foi publicado o edital de Milão que concedia a liberdade religiosa.

São Nicolau participou no Concílio de Niceia, onde Jesus foi declarado consubstancial ao Pai. Partiu para o céu em 342 ao morrer em Mira com fama de santidade e de instrumento de Deus para que muitos milagres chegassem ao povo.

Fonte: EAQ

Para saber mais:

Link: http://www.fatheralexander.org/booklets/portuguese/st_nicolas_p.htm


quinta-feira, novembro 29, 2007

Luzes no Crepúsculo

Luzes no Crepúsculo
Título original: Laitakaupungin Valot
De: Aki Kaurismäki
Com: Janne Hyytiäinen, Maria Järvenhelmi, Maria Heiskanen
Género: Dra
Classificacao: M/16

ALE/FIN/FRA, 2006, Cores, 78 min.

Argumento

"Luzes no Crepúsculo" conclui a trilogia iniciada por "Nuvens Passageiras" e "Um Homem sem Passado". Depois do desemprego e dos desalojados, a solidão é o tema escolhido por Aki Kaurismäki. Como o pequeno vagabundo de Chaplin, o protagonista, um homem chamado Koistinen, procura num mundo duro uma pequena brecha pela qual possa rastejar. No entanto, tanto os seus semelhantes como o aparato da sociedade sem rosto fazem questão de esmagar as suas modestas esperanças, uma após outra. Um grupo de criminosos explora a sua ânsia por amor e a sua posição de guarda-nocturno por causa de um roubo, deixando Koistinen abandonado às consequências. Tudo isto é feito com a ajuda de uma bela mulher, segundo Kaurismäki a mais apelativa mulher desde "Eva" ("All About Eve"), de Joseph L. Mankiewicz. E Koistinen será privado do seu emprego, da sua liberdade e dos seus sonhos. Mas, felizmente, à frente desta história está um auto-denominado "velho de coração mole" que não deixará o filme encerrar-se sem que uma "centelha de esperança" ilumine a cena final.
PÚBLICO

Aki Kaurismäki esconde os seus receios, as dificuldades vividas em geral na construção dos seus projectos com a intenção de dar uma imagem de sucesso perante uma bela mulher que apenas deseja a descoberta de outros segredos ligados às funções desempenhadas no seu emprego. O nosso homem revela dificuldades de auto-afirmação pelo motivo ser passivo, por ter medo da perda. Poder-se-á dizer que existe uma relação sustentada pelo medo, no fundo sente-se que é sabido que por parte da personagem que não é amada. Mas como nunca apraz ter tido alguém, esta enorme abertura a um mundo fechado e distante é retida com afinco.
Do outro lado da barricada: outra mulher, que sabe de todas as desventuras, e soube vencer o ciúme, não se intimidando com a prisão de Kaurismäki e sua situação precária em geral.
E sobretudo compreendido que as circunstâncias também podem ser determinantes na construção do ser humano.
É deixada a mensagem que mesmo nos grandes desertos, as espécies ínfimas podem ter um (re)começo.
Ainda que a dignidade de pessoa seja ferida de morte, neste caso é nos dado a conhecer um novo trilho a esta personagem, mesmo no uso dos múltiplos silêncios, consegue ser compreendido e amado. A solidão inicial sentida, a tal percepção de um mundo hermético sem espaço para relações sociais significativas é transformada pouco a pouco em afecto e presença mútua, mesmo que a evolução seja lenta é possível observar duas pessoas face a face.
Importante observar a cena do bar, em que um espaço cheio de gente, é o rastilho para ardilosa armadilha.
Só o voltar costas leva ao abandono, aí a certeza do tempo passar acaba por ser vida sem nada inscrito e olha-se para trás e o desejado pode não ser o ideal… talvez a nostalgia de um constructo criado por todos, sem uma base sustentável.
Este filme fez-me levantar uma questão: Será que a desesperada tentativa de um alcance da normalidade não é mais do que o caminho para uma serena loucura?
A bibliografia para a reflexão acerca destas questões é:
formiga



segunda-feira, novembro 05, 2007

Etnocentrismo

Clicar na imagem...

Etnocentrismo reveste-se de uma consciência de que há outras perspectivas culturais, mas estas perspectivas alternativas são julgadas inferiores, incorrectas ou imorais em comparação com as suas (Triandis, 1990). O etnocentrismo culmina na manutenção de distância social, de afecto negativo, de ódio, de desconfiança, de medo, de censura do exogrupo por problemas do endogrupo.


A consultar na net:




quarta-feira, outubro 10, 2007

A estrada que não foi seguida - Robert Frost



Duas estradas separavam-se num bosque amarelo,
Que pena não poder seguir por ambas
Numa só viagem: muito tempo fiquei
Mirando uma até onde enxergava
Quando se perdia entre os arbustos;
Depois tomei a outra, igualmente bela,
E que teria talvez maior apelo,
Pois era relvada e fora de uso;
Embora, na verdade, o trânsito
As tivesse gasto quase o mesmo,
E nessa manhã nas duas houvesse
Folhas que os passos não enegreceram.
Oh, reservei a primeira para outro dia!
Mas sabendo como caminhos sucedem a caminhos,
E duvidava se alguma vez lá voltaria.
É como um suspiro que conto isto,
Tanto, tanto tempo já passado:
Duas estradas separavam-se num bosque e eu -
Eu segui pela menos viajada,
E isso fez a diferença toda.

Clicar:

Robert Frost (1874-1963), Trad. José Alberto Oliveira


Formiga


sábado, outubro 06, 2007

Donnie Darko

Clicar na imagem para ver a desconstrução do filme

Doniee Darko, a versão de realizador está no cinema Quarteto. São mais vinte minutos com cenas inéditas, efeitos especiais melhorados e novas músicas.
Das confrotanções entre Frank e o livro: "Filosofia do Tempo" de Roberta Ann Sparrow, Donnie produziu este poema:
“Uma tempestade vem,” O Frank diz, “Uma tempestade que engula as crianças.” E eu entregá-lo-eis do reino da dor. Eu irei entregar as crianças de regresso aos seus degraus. (Assim será) mandarei os monstros para trás do subterrâneo.Eu enviar-lhos-ei de volta a um lugar onde ninguém mais pode vê-los. À excepção de mim. Porque eu sou Donnie Darko."
O cinema de autor e/ou independente continua a suscitar um enorme interesse.
O cinema Quarteto e King são a grande referência para os amantes deste estilo de cinema.
Formiga



domingo, setembro 23, 2007

Lacan e Hamlet



Jacques Lacan, em 1958/59, no Seminário chamado “O desejo e sua interpretação” dedicou sete encontros a Hamlet.
Lacan
mostra como funciona a relação do sujeito com o seu desejo: desejo como posição de desejo do outro. O grande problema de Hamlet.

Para compreender o universo shakespeariano à luz do pensamento de Lacan existe um livro da Editora Assírio@Alvim: Shakespeare, Duras, Wedekind, Joyce

Da Escola Lacaniana Brasileira e sobre Hamlet este texto revela carácter de excelência:
TEXTO

Opinião de formiga acerca de Hamlet em cena no Teatro Municipal Maria de Matos:

Se nos abstrairmos das palavras, da peça e vermos só a cena em si onde Hamlet conversa com sua mãe é possivel perceber que nesta encenação não é sentida a tal proximidade excessiva, incomoditiva, onde existe o tal vinculo erótico.
Na sala Almeida Garret, no D. Maria II, Hamlet, não só repelia de forma convicta a sexualidade da mãe como manipulava o seu corpo, num diálogo mais intimo e menos repleto de convicção.
Parecia um Hamlet mais frágil, mais tonto, menos maquiavélico.
O simulacro na relação com a Ofélia constitui realidade.
O subjectivismo da pessoa pode conter todo o amor, mas se a discrepância entre o discurso proferido e as respostas observáveis, for elevada poder-se-á concluir que: NÃO. Ofélia nunca foi amada pelo Príncipe da Dinamarca. No fim da história é o arrastamento moral da perda que leva à falsa retroacção de um amor.
Qual é o sentido do combate com Laertes? O contexto de amor proferido não serviria para evitar tal combate?

O discurso abrasivo e de ruptura (feito a Ofélia) é um simulacro de desamor? Ou é realidade perene e consistente?

O simulacro nunca é o que oculta a verdade
-
é a verdade que oculta que não existe,
O simulacro é verdadeiro.

O Eclesiastes

... e depois a ausência do pai e do amado, e talvez a predição de uma conjectura ainda mais céptica, falha,leva Ofélia ao suicídio. No filme "Per Siempre" do cinema italiano, o único acontecimento: é ausência pelo silêncio. A personagem morre mas de doença, uma doença quase consentida, enfim deixa-me morrer. A culpa trespassa-se através da expressão de um amor à posteriori.
Na peça de
William Shakespeare é o ambiente de conflito de denominação de homem sobre a mulher que determina tamanha vulnerabilidade de Ofélia, incapaz de resistir ao choque e adaptar-se a novas realidades.
O lugar 4 da fila A tem os seus privilégios, tais como ficar em zona frontal no momento que antecede o encontro furtivo com Hamlet, onde Ofélia rezava. Também uma bela oportunidade de perceber a capacidade de actriz Ana Lúcia Palminha no trabalho da expressão de rosto. Parecia o acaso, tamanha a naturalidade.
Ainda a referir o sempre usado jogo de espelhos, 7. E a questão em off "Quem está aí?" Somos nós. Sobre a peça encenada por João Mota existe um bom artigo na Revista Visão.

Sumário para consulta (online):

Jacques Lacan - Biografia e Bibliografia

Lacan - Cronologia

Shakespeare, Duras, Wedekind, Joyce - livro acerca do o universo shakespeariano.

TEXTO - Maria Thereza Ávila Dantas Coelho - Escola Lacaniana brasileira

Teatro Municipal Maria de Matos - sinopse

"Per Siempre" - filme italiano

Revista Visão - documentação especifica sobre a peça na consulta desta revista.


Referências bibliográficas:

O texto da Bíblia, de Eclesiastes: foi retirado da página 7 do livro "Simulacração e Simulação" de Jean Braudrillard.

1981 Simulacração e Simulação. Relógio d' Água, Colecção Margens, 1º ed.

quinta-feira, setembro 13, 2007

De Trakl a "Moonstruck"


Não há um Trakl enganador em toda a agonia do seu processo criativo a transparecer na sua obra.
O mito do escritor fingidor parece neste “Outono Transfigurado” não ter razão de ser. Existe sim uma inter-ligação perfeita e intrínseca entre o vivido, o sofrido e a produção literária.
Os belos tons onirícos são construídos a partir do percurso de descrença na Cristianismo, neste poema retirado poder-se-á entender uma descrição da Paixão e uma alusão à consagração. Deus é criado pelo sentido da culpa e medo do homem, que apenas caminha para o fim, num mundo desencantado.
Trakl não deixa de ser revelador de congruência. Classificado de negativista, consegue uma mordaz critica ainda tão válida nos dias de hoje.
Os rituais cristãos partem de um compromisso que nos leva a agir de acordo com crenças que podem advir de diversas motivações.
Eis uma fronteira que serve de ponto de reflexão ao ser focado a diferença entre normas ao serviço de si próprias ou toda a doutrina a ser aplicada na vida de todos dias.
Outra questão é saber se a defesa de uma certa ideologia pode ser uma maquilhagem com o propósito de esconder frustrações e recalcamentos, o tal mecanismo de defesa, já abordando o processo de socialização.
E o modo como se pode hostilizar alguém, num (des)afecto descontrolado, neste ponto estamos bem longe já da simples ideologia.
A formação reactiva de uma atitude pode ter coisas tão simples como afirmar: Odeio viajar (uma simples maneira de defender o Ego quando afinal não se tem capacidade económica para tal), não assumimos o que apreendemos da realidade.
Podemos ser militantes passivos ou agressivos. Há duas ou três passagens do filme o
“Amor Acontece” (“Love Actually”) que desmontam estas ideias de forma simples. Quem viu este filme, basta recordar o tal amigo do noivo que tinha um relacionamento conflituoso com a noiva.
No entanto em “Moonstruck” pergunta-se: “Onde está a vida?”
Aqui pode-se entrever o fiel fingidor, aquele que ama a mulher bela, mas defende o tal desamor, numa revolta de pacotilha… a história evolui com aquele virar de mesa. E duas vivências distintas empolgam-se num enamoramento arrebatado com direito a ópera e tudo!!Formiga

terça-feira, setembro 11, 2007

Georg Trakl


Revelação e Decadência


Estranhos são os caminhos nocturnos do homem. Quando eu, sonâmbulo, passa por quartos de pedra e em cada um ardia tranquila uma candeia, um candeeiro de cobre, e quando, cheio de frio, caí na cama, lá estava o rosto à cabeceira a sombra negra da forasteira, e em silêncio escondi o rosto nas mãos nas mãos lentas. À janela, o jacinto azul tinha também desabrochado, e aflorava aos lábios púrpura a velha oração no respirar do homem, caíam das pálpebras lágrimas de cristal, vertidas por este mundo amargo. Nessa hora eu era na morte do meu pai, o filho branco. Com as chuvadas azuis vinha da colina o vento nocturno, o sombrio lamento da mãe, de novo a morrer e eu vi o inferno negro no meu coração; minuto de silêncio reverberante. Silencioso, saiu de um muro caiado um rosto indizível – um jovem moribundo -, a beleza de uma estirpe que regressa a casa. Branca de lua, a frescura da pedra envolveu a fronte vigilante, foram morrendo os passos das sombras nos degraus em ruínas, no pequeno jardim uma dança de toda rosada.

Estava sentado em silêncio na taberna abandonada, debaixo das traves de madeira negras de fumo, solitário com o vinho; um cadáver resplandecente curvado sobre um corpo escuro, e as meus pés um cordeiro morto. A pálida figura da irmã saiu do azul em decomposição, e então falou a sua boca em sangue: picada de espinho negro. Ah, vibra-me ainda nos braços argênteos a violência das trovoadas. Corre, sangue, dos pés lunares florescendo nos atalhos da noite por onde passa a ratazana a chiar. Cintilai, estrelas, nas abóbadas das minhas sobrancelhas; e de mansinho ecoa o coração na noite.
Uma senhora vermelha com espada flamejante entrou na casa, fugiu com a fronte de neve. Oh, amarga morte.
E em mim ergue-se uma voz grave: Quebrei o pescoço ao meu cavalo na floresta nocturna, quando a loucura lhe saltou dos olhos púrpura, cariam sobre mim as sombras dos ulmeiros, o charco azul da fonte e a frescura negra da noite, caçador selvagem, perseguia um veado de neve, no inferno de pedra morreu o meu rosto.

E uma gota brilhante de sangue caiu do solitário; e quando dele bebi era mais amargo que a papoila; uma nuvem enegrecida envolvia-me a cabeça, as lágrimas de cristal dos anjos caídos; e de mansinho escorria o sangue da ferida argêntea da irmã, e uma chuva de fogo caiu sobre mim.(...)

Georg Trakl

1992 Outuno Transfigurado. Assírio&Alvim, Documenta poética, 103 e 105 pp Edição 325


Clicar na referência bibliográfica para ver nota do editor

sábado, agosto 25, 2007

Hamlet


Teatro
HAMLET
Sala Principal

13 de Setembro a 21 de Outubro

4ª a sáb. às 21H30 | dom. às 17H00M/12

Espectáculo comemorativo dos 50 anos de Carreira de João Mota e dos 35 anos da Comuna.

tradução Sophia de Mello Breyner Andresen
adaptação e dramaturgia João Maria André
encenação João Mota | cenografia José Manuel Castanheira
figurinos Carlos Paulo | música José Pedro Caiado
interpretação Albano Jerónimo, Alexandre Lopes, Ana Lúcia Palminha, Carlos Paulo, Diogo Infante, Frédéric Pires, Gonçalo Ruivo, Hugo Franco, João Ricardo, João Tempera, José Pedro Caiado, Jorge Andrade, Miguel Sermão, Natália Luíza e Raúl Oliveira
execução musical Hugo Franco e José Pedro Caiado
desenho de luz João Mota e Zé Rui
co-produção Comuna Teatro de Pesquisa e Teatro Maria Matos


Pinturas:


  • Ophelia, Arthur Hughes, c. 1863-64
  • Retrato em que a culpa de Claudius é relevada, Desenho de Daniel Maclise (1842) ------> clicar Hamlet no topo






segunda-feira, agosto 13, 2007

O Homem caiu no engodo de uma papoila

O homem caiu no engodo de uma papoila.

O crivo do desejo é náusea ainda distante.

Rarefeito o gesto perdido...

Tombou num jogo entediante,

Estás proscrito, meu querido!

Perfeito juízo sentido,

na escala do corpo ausente

a criatura alimenta-se.

Formiga




sábado, julho 28, 2007

Jean Baudrillard


Excertos do livro: "As Estratégias Fatais de Jean Baudrillard sobre os seguintes temas:


Amor:

“O amor é o fim da regra e o princípio da lei. É o princípio de um desregramento, em que as coisas vão ordenar-se segundo o afecto, o investimento afectivo, isto é, uma substância pesada, pesada de sentido, e não segundo um jogo de signos, substância mais leve, mais dúctil, mais superficial. Deus vai amar as suas criaturas e o mundo deixará de ser um jogo. Foi tudo isso que nós herdamos – e o amor é tão-só o efeito desta dissolução das regras e da energia libertada pela fusão. A forma oposta ao amor passa a ser, pois a sua observância: onde quer se reinventem uma regra e um jogo, o amor desaparece. Relativamente à intensidade regulada e altamente convencional do jogo ou da cerimónia, o amor é um dispositivo de energia livre de circulação. Está portanto, carregado de toda a ideologia da libertação; é o pathos da modernidade.”

Página: 87 e 88


Paixão:

(...)
“Amar alguém é isolá-lo do mundo. É apagar as suas marcas, despossá-lo da sua sombra, arrastá-lo para um futuro destruidor. É girar à sua volta como um astro morto e absorvê-lo numa luz negra. Tudo se joga numa exigência de exclusividade sobre o ser humano, qualquer que seja. É por isso mesmo, sem dúvida, que é uma paixão: é que o seu objecto é interiorizado como um fim ideal e nós sabemos que não existe objecto real, a não ser morto.”

Página: 88


Sedução:

“Só a sedução toca no âmago da alma que não encontra repouso a não ser na destruição.
Daí resulta aquilo a que chamarei o génio maléfico da paixão.
(…) que espreita a oportunidade de apanhar o outro na armadilha.”

Página: 94

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Jean Braudrillard

1991 As Estratégias Fatais. Editorial Estampa, Colecção Margens, 159 pp 1º ed.

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segunda-feira, junho 11, 2007

Alive! 07 - o segundo dia

Os White Stripes são uma banda de rock sujo, com várias influências d' outros estilos.
Pequenos pormenores mais uma vez não escaparam a uma observação mais atenta:
O Tema: " My Doorbell" foi tocado ao som de orgão estridente, em vez do piano grave e consistenste do original.
O tema "Blue Orchid" foi forte e intenso.
Talvez se a Meg tivesse usado a sua bela voz num dos temas tivesse encantado mais o público.
Do Smashing Pumpkings... faltou o "Ava Adore! em resposta tivemos encores coma uma guitarradas à Steve Vai que particularmente estão longe de fazer o meu género.

quinta-feira, junho 07, 2007

The White Stripes


Jack nasceu no dia 9 de julho de 1975 em Detroit. Um dos dez filhos de uma família católica, Jack aprendeu a tocar piano, guitarra e bateria. Participou de várias bandas quando adolescente, entre elas The Go e Two Star Tabernacle. Com 17 anos foi trabalhar no estúdio Muldoon e lá conheceu o dono, Brian Muldoon, com quem formou uma banda, mas não durou muito tempo.


Na mesma época ele conheceu uma empregada de mesa chamada Meg White, que se tornou sua grande parceira. Em 1996, eles casaram-se e, no ano seguinte, iniciaram a carreira musical com o nome de The White Stripes - ele na guitarra, ela na bateria e ambos nos vocais - sempre com roupas brancas e vermelhas, a dupla tem agradado crítica e fãs, com seu rock alternativo influenciado pelo punk, folk e blues.


O primeiro registro da dupla de Detroit, nos Estados Unidos, chegou em 1999, “White Stripes”. Foram dois anos seguidos em turnê, ao lado de Pavement e Sleater-Kinney, o que ajudou bastante a divulgar o disco nacionalmente. Os lançamentos de “De Stijl” (2000) e “White Blood Cells” (2001) aumentaram o reconhecimento da dupla e a turnê se tornou internacional, incluindo Austrália e Japão.


As consequências profissionais foram óptimas, participaram de programas de grande audiência, foram tema matérias em revistas conceituadas e receberam críticas positivas, mas na parte pessoal, a convivência não fez muito bem para o casamento que terminou na época de “De Stijl”. A música “Fell in Love Girl” ganhou uma versão em vídeo feita somente com peças do brinquedo Lego. Não podia ser diferente, o clipe foi indicado a quatro categorias do MTV Video Music Award, incluindo melhor clipe do ano.


O ano de 2003 foi bem especial para o White Stripes. Jack compôs para a trilha sonora de “Cold Mountain” e actuou no filme. O disco que consolidou de vez a carreira da dupla, “Elephant”, também foi lançado no mesmo ano e o álbum vazou pela Internet duas semanas antes de ser lançado, mas não prejudicou as vendas, permanecendo no topo da parada britânica e entre os 20 mais tocados nos Estados Unidos.


Gravado em apenas duas semanas, o disco se espalhou pelo mundo e recebeu inúmeras críticas positivas. No Grammy 2004 o resultado do trabalho: quatro indicações. Receberam dois prêmios, melhor álbum de música alternativa e melhor canção para “Seven Nation Army”.

Fonte: Canal da Música


Curiosidades:

  • Jack em 2006 participou no projecto: " The Raconteurs". Êxitos como: Steady As She Goes e Store Bought Bones, estão disponiveis para audição em:


  • Meg esteve em 2006 foi convidada a participar num desfile de moda pelas mãos do estilista norte-americano Marc Jacobs.
  • Jack é amigo do rei da música junky, Beck. Ambos participaram em concertos um do outro.
  • No tema "Seven Nation Army", os White Stripes, não tinham baixista, foi o próprio Jack a desempenhar essa função.
  • A maioria dos temas dos Stripes é feito a partir de acordes muito simples (rock minimalista), onde as guitarras soam sem complexos e o uso dos pratos é uma constante. Em "Little Room", Jack mostra uma capacidade vocal extrema.
  • Jack é muito religioso, em tempos pensou em ir para o seminário.
  • Os White Stripes têm fama de cobrarem cachets altos, deve ser por esse motivo que só se estream em Portugal em 2007, a 9 de Junho no Festival Oeiras Alive.

Discografia
  • The White Stripes (1999, Sympathy for the Record Industry)
  • De Stijl (2000, Sympathy for the Record Industry)
  • White Blood Cells (2001, Sympathy for the Record Industry)
  • Elephant (2003, V2 Records, XL Records)
  • Get Behind me Satan (2005, V2 Records, XL Records)
  • Icky Thump (2007), este disco foi lançado esta semana poucos dias antes do concerto em Portugal.





sábado, maio 12, 2007

A Gaivota de Anton Tchekov


Tradução Fiama Hasse Pais Brandão

Encenação Luis Miguel Cintra

Cenário e figurinos Cristina Reis

Desenho de luz Daniel Worm d’Assumpção

Distribuição Dinis Gomes, Duarte Guimarães, Luis Lima Barreto, Luis Miguel Cintra, José Manuel Mendes, Márcia Breia, Ricardo Aibéo, Rita Durão, Rita Loureiro, Teresa Sobral, Tiago Matias

Teatro Municipal de Almada www.ctalmada.pt

10 a 13 e 16 a 20 de Maio de 2007

Teatro do Bairro Alto, Lisboa

De 31 de Maio a 24 de Junho de 2007

De 3ª a sábado às 21:00

domingo às 16:00


Trepelev sentia o apelo de reinventar a arte de escrever teatro? Ou era sobretudo a vontade de manter um confronto com o amante da mãe, Trigorine?

As suas histórias sem intriga, descritivas eram entediantes para o público, longe de trabalhar sob a base do quotidiano das pessoas, os assim falhanços sucediam-se.

Sua namorada cooperante numa primeira instância desacredita o projecto e a pessoa, o companheiro de jornada.

Nina, de seu nome, parte de falsos pressupostos, idealiza um mundo de glamour ao tornar-se actriz, quer para si a fama e o êxito de Arkadina, a mãe de Trepelev, uma actriz de sucesso. Apaixona-se por Trigorine, mais tarde essa relação é dissolvida e fica só e na miséria. Teve um filho do escritor que morreu.

Se o antigo namorado era a eterna promessa da escrita, Nina era uma actriz medíocre que cada mais era remetida para a província bem perto dos pequenos palcos.

Trepelev valorizava os símbolos, conjugava-os sobretudo nas suas obras, e depois quase por inevitabilidade percepcionou neles a predição de uma ruptura.

A gaivota é o símbolo universal da liberdade. Ora a vontade alheia no direito pleno de gozo dessa mesma liberdade constituiu um desvio, nesta situação só haveria o tal caminho a trilhar: o competir e… vencer. Escrever contos e estes serem aclamadoa pela critica e ganhar reputação. E com isso também o secreto desejo do regresso da amada…

Os sucessivos falhanços, o regresso clandestino da amada e reiteração do abandono, num discurso que fala de fé como valor supremo do teatro e da representação mas tão delator quanto possível por mostrar desespero, leva o rapaz ao suicídio.

Muito mais poderia ser escrito acerca desta peça… fica o essencial.

A sala com 450 m2 “à italiana” detém a segunda maior boca de palco, logo atrás da sala do Centro Cultural de Belém. Cadeiras vermelhas, corrimões originais. formiga

Frase:

Sabemos que não se vai longe por impressões”.

“Se eu me casar deixo de ter tempo para o amor”

“Só é belo o que é relevante”

“Perdi tudo, tudo! Deixar de gostar de mim e não consigo escrever”




domingo, maio 06, 2007


Ser é ser visto.

Ver é trazer à existência.

Eu sou como sou visto. Olhas-me e eu

sou criado por ti.

Olho para ti e criei-te.

Sou o reflexo na superfície

dos teus olhos .

Estou ali para que me possas ver.

Vejo os meus olhos no espelho dos teus olhos. Vejo-me a

ver-te veres-me.

“The Mediations of Joseph C. Merrick” – The Elephant People, Daniel Keene

Segundo o jornal MAISTMA o novo espectáculo de Keene (Elephant People), uma ópera a estrear em Julho de 2007 em França, abre com as meditações de Joseph C.
Merrick (1862-1890) – o Homem Elefante (transposto por David Lynch em 1980)

CLICAR NA IMAGEM PARA SABER MAIS


domingo, abril 29, 2007

PEDRA, PAPEL E TESOURA de Daniel Keene

Fonte: Companhia de Teatro de Almada

Clicar na imagem para ter acesso à toda documentação

Encenação de Jorge Listopad
INTÉRPRETES
António Banha, Catarina Ascensão, José Wallenstein, Maria Arriaga
TRADUÇÃO Maria Arriaga
CENÁRIO António Casimiro
LUZ José C. Nascimento
FIGURINO Sofia Vilarinho

produção da COMPANHIA DE TEATRO DE ALMADA
Criação

O teatro experimental é como um laboratório de perspectivas, onde cada espectador encontra o inesperado.
Da peça pouco deve ser dito, por estar ainda por mais umas semanas em cena. Mas é de salientar dois pormenores curiosos.
Antes da peça começar na sala, pelos diversos espaços junto do público, a narradora andava com copos de whisky
e vinho. O significado é óbvio.
O cão, personagem também apareceu no grande átrio de entrada.
Eu fiquei a um passo dos actores
(linear) em diversas cenas quase que tive que me desviar...

As personagens expressam-se a partir de um discurso partido, e é possível perceber a anti-evolução da história, procura-se antes mostrar como tudo é demasiado igual.
Uma das frases ditas por Kevin:

"Por que é que já não pode acontecer mais nada?!"

Formiga

domingo, abril 22, 2007

A TRAGÉDIA DE JÚLIO CÉSAR de William Shakespeare



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Tradução
José Manuel Mendes, Luís Lima Barreto e Luis Miguel Cintra

Encenação Luis Miguel Cintra

Cenário e figurinos Cristina Reis

Desenho de luz Daniel Worm d’Assumpção

Música original Vasco Mendonça

Elenco André Silva, Dinarte Branco, Dinis Gomes, Edgar Morais, Filipe Costa, Hugo Tourita, Ivo Alexandre, Joaquim Horta, José Manuel Mendes, Luís Lima Barreto, Luis Miguel Cintra, Luís Lucas, Martim Pedroso, Pedro Lamas, Nuno Lopes, Nuno Gil, Pedro Lacerda, Ricardo Aibéo, Rita Durão, Tiago Matias, Teresa Sobral, Tónan Quito e Vítor de Andrade.

Músicos Gonçalo Marques trompete, Marco Santos percussão, Nuno Costa guitarra.

Co-produção com o São Luiz Teatro Municipal


Foi há quatro anos que assisti à peça Tito Andrónico, da Cornucópia, na sala principal do Teatro Nacional D. Maria II. Nessa data percebi que Luís Miguel Cintra era um bom actor, apreciei o seu desempenho nesta peça que em parte marcou o desenrolar dos acontecimentos da minha vida.
A tal ingenuidade acerca da grandeza do encenador e actor Luís Miguel Cintra não fazia espécie de contraste acerca da autopercepção de valor e predisposição para disputar novos desafios.

Se muitas coisas diferentes hoje são, muito se mantém numa aparência de estacidade enganadora. Essa condição de dinâmica latente pode gerar uma leve descrença.
O nome deste blog: Formiguinha da Terra é uma homenagem a todos que persistem contrariar suas naturezas que por vezes pareciam ser impostas por outros, os cépticos.
Nessa época uma pessoa soube acreditar... uma professora em fim de carreira foi além de sua competência, soube dar amor. A dedicação, o mostrar que tudo seria possível, se déssemos tempo ao tempo, por ventura, o único e legitimo pedido: tempo.
A resignação deu lugar a um ambicioso projecto de vida que nestes dias vai dando os seus frutos.
Esta digna senhora recebeu pouco mais do que entusiasmo e correspondência aos seus bons conselhos.
Talvez uma vontade sua de auto-realização ou uma ideologia. Porquê nós? Nem todos podem ser os escolhidos. Eu fui.
A vontade própria aliada a alguém que insiste na revelação do nosso valor, mesmo que quase todos digam: "Não vai conseguir! O melhor é desistir!"
É por essa razão que essas pessoas, visionárias, embutidas de fé e esperança, sem fazerem perguntas, sem muito saber acerca de nossas vivências passadas geram autênticos milagres. É caso para afirmar que estas coisas simples têm um tremendo valor.

Andrónico foi tomado como louco numa loucura consentida, mas fingida.
Essa parte do texto é ainda recordada de forma entusiástica. No entanto parecia passados alguns meses vir sinais de arrependimento e pensar que assistir a esta peça tinha sido um erro.
Havia qualquer coisa a incomodar, uma querença crescente.
No palco da vida aprendiam-se coisas novas, por exemplo: a tolerância só existe quando não se incomodam os outros. Mais tarde o Dr. Laborinho Lúcio no Congresso da Prosalis desmistifica o conceito e sem tabus reforçou esta ideia.
As mudanças geram respostas abrasivas. Mas quando o sistema está viciado apenas conta sobreviver. Se Tito acabou a história vivo, já não tenho comigo essa lembrança, mas tenho a convicção que tudo fez para manter sua dignidade, mesmo pagando o preço mais elevado de todos: a sua reputação. O discurso contraditório servia para o tornar menos credível e como consequência foi alvo de chacota. Por fim salvou sua honra.

Da peça de 22 de Abril, último dia de representação poder-se-á dizer que durou três horas e meia com um intervalo de dez minutos.
Gosto da temática, ainda estou a digerir o texto e todo o simbolismo posto na encenação.
Uma primeira ideia gera esta premissa de que uma atitude de complacência e uma boa conduta ética são recusadas por uma sociedade manipulada pela dialéctica de Marco António.
As intenções verdadeiras de cada um não estão inscritas em lado nenhum, e acabam por ser as circunstâncias a ditarem leis.
No entanto, no meio de uma guerra sangrenta, o imprevisível: o reconhecimento da honestidade de Bruto, após sua morte.


A encenação é inteligente, todas as portas, todo o espaço envolvente é usado pelas personagens. Quando as personagens entram em cena vão encontrar os mantos dobrados em cima das cadeiras da primeira fila.
Os actores estiveram por momentos nas costas do público, nas laterais, com e sem falas. Tudo para dar o ambiente da Roma antiga.


O Teatro Municipal de S. Luiz é uma sala bonita, em talha dourada. O tecto tem uma pintura de anjos e por cima do palco a cabeça dourada de um leão.
A sala está repleta de cadeiras vermelhas, tem camarotes em vários níveis e talvez também galerias.
O átrio de entrada é alegre, os funcionários usam uma farda à antiga.
As pessoas do público tinham o aspecto, das pessoas que ao teatro costumam ir: A tal cultura do teatro, parece tentar à encenação do próprio corpo.

Com uma peça tão longa carecia antes uma boa refeição tomar. O lugar escolhido, repare-se que é mais do que um simples espaço, o Café S. Luiz é mesmo o lugar onde se juntam pessoas interessantes.
E a ementa é no mínimo criativa. A minha escolha recaiu numa bebida Indiana de Especiarias (leite quente com cardamomo, gengibre, canela e cravinho) e um Muffin de queijo e tomilho (doce de pêssego, figos e nozes). O serviço eficiente e de uma simpatia aprazível.


As passagens preferidas do Formiga:

"Tu dormes Bruto, acorda";


"Ai Cássio estou doente de muitas penas";

"Matar é palavra de ordem. Está na moda" (Bruto)

"Espanta-me que este homem de fraca figura possa estar à frente de uma mundo tão majestoso!"


DEDICO ESTE TÓPICO AO AMIGO ANDRÉ, QUE CONSTRUI UM BLOG ACERCA DO USO DO PODER: www.usodopoder.blogspot.com

Formiguinha