Excertos do livro: "As Estratégias Fatais” de Jean Baudrillard sobre os seguintes temas:
Amor:
“O amor é o fim da regra e o princípio da lei. É o princípio de um desregramento, em que as coisas vão ordenar-se segundo o afecto, o investimento afectivo, isto é, uma substância pesada, pesada de sentido, e não segundo um jogo de signos, substância mais leve, mais dúctil, mais superficial. Deus vai amar as suas criaturas e o mundo deixará de ser um jogo. Foi tudo isso que nós herdamos – e o amor é tão-só o efeito desta dissolução das regras e da energia libertada pela fusão. A forma oposta ao amor passa a ser, pois a sua observância: onde quer se reinventem uma regra e um jogo, o amor desaparece. Relativamente à intensidade regulada e altamente convencional do jogo ou da cerimónia, o amor é um dispositivo de energia livre de circulação. Está portanto, carregado de toda a ideologia da libertação; é o pathos da modernidade.”
Página: 87 e 88
Paixão:
(...)
“Amar alguém é isolá-lo do mundo. É apagar as suas marcas, despossá-lo da sua sombra, arrastá-lo para um futuro destruidor. É girar à sua volta como um astro morto e absorvê-lo numa luz negra. Tudo se joga numa exigência de exclusividade sobre o ser humano, qualquer que seja. É por isso mesmo, sem dúvida, que é uma paixão: é que o seu objecto é interiorizado como um fim ideal e nós sabemos que não existe objecto real, a não ser morto.”
Página: 88
Sedução:
“Só a sedução toca no âmago da alma que não encontra repouso a não ser na destruição.
Daí resulta aquilo a que chamarei o génio maléfico da paixão.
(…) que espreita a oportunidade de apanhar o outro na armadilha.”
Página: 94
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Jean Braudrillard
1991 As Estratégias Fatais. Editorial Estampa, Colecção Margens, 159 pp 1º ed.
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