domingo, dezembro 24, 2006

Amor Suspeito

Amor Suspeito

Realização: Emmanuel Carrere

Com: Vincent Lindon, Emmanuelle Devos, Mathieu Amalric, Hippolyte Girardot, Cylia Malki, Macha Polikarpova, Fantine Camus

Site oficial: La Moustache

Género: Drama/Thriller

Distribuição: Vitória Filme

Classificação: M/12

França, 2005

86min

Data de estreia: 21 de Dezembro de 2006


"Amor Suspeito" é a história de um homem (Vincent Lindon) que decide rapar o bigode. Nos primeiros planos, Lindon toma banho de imersão e, passando-lhe a ideia pela cabeça, pergunta à mulher (Emmanuelle Devos) o que pensa. Ela responde que não sabe o que pensar, sempre o conheceu com bigode. Ele decide-se e rapa o bigode, à nossa frente. Depois vem a improvável crise: a mulher não dá sinal de notar que ele o rapou, os amigos também não, os colegas idem. Nada, nicles, como se nunca tivesse havido bigode - e é aliás o que todos lhe garantem, "nunca tiveste bigode", quando ele ganha coragem para abordar o assunto.
Compacto, em linha recta, sequíssimo e sem palha nenhuma, "Amor Suspeito" está algures entre Kafka e as histórias de Serling, ou os contos de Roald Dahl ou os nacos de perversidade que Hitchcock apresentava, também na televisão. Um mundo que se vira do avesso por dá cá aquela palha, mas que ao mesmo tempo se mantém exactamente igual. ... uma espécie de fábula metafísica sobre o modo como um homem se apaga quando tudo em seu redor parece negar as certezas da sua identidade, da sua memória, da sua experiência. Fonte: Luís Miguel Oliveira (Público)

Emmanuelle Devos mantém a vocação de “castigar” homens, já observada no “Reis e Rainha”. Uma realidade subversiva tem como norma a contradição na quebra da alteridade que provoca a experiência da não identidade.

Norma essa que está inscrita num conjunto de valores que regem comportamentos.

Este filme mostra as características das sociedades: as ocidentais e orientais no deambular desconcertante da personagem principal por Paris e Hong-Kong.

Não é fácil de perceber a razão de se estar inserido no meio com expressões afectivas significativas e uma vontade manter a relação firme, e no entanto a verdade aparece distorcida. A sociedade na sua crise afectiva e medo patológico de recorrer ao enraizamento mais profundo do amor larga a herança mais temerária de todas: a dissonância da comunicação associada também à compressão do tempo. A consequência desta situação é nas vivências do quotidiano gera-se a incapacidade para a intimidade. Tão fácil de verificar essa situação no filme num momento em que a mulher se levanta e atende o telefone e ele aproxima-se, saindo da cama a vestir-se. Situação curiosa?

A grande alegoria desta história é o conflito surdo, improvável entre a personagem e sua comunidade.

Fonte: Formiga







Vermelho Transparente

Uma história inverosímil, não gostei do texto:

"Então já matou o seu marido?"





domingo, novembro 19, 2006

Filoctetes, no Teatro do Bairro Alto


Filoctetes é um herói grego originário da Tessália, filho de Peante e de Demonassa. Segundo o mito, foram-lhe confiados o arco e as flechas de Héracles.

Chefiava um contingente de sete naus com cinquenta arqueiros, mas não chegou a Tróia com os outros chefes, pois durante a escala em Ténedo, foi mordido no pé por uma serpente, enquanto procedia a um sacrifício. A ferida infectou de tal modo que exalava um odor de putrefacção insuportável. Devido a isso, Ulisses e os outros chefes abandonaram o ferido em Lemnos, onde permaneceu dez anos.

Uma outra versão contava que Filoctetes fora ferido não por um animal, mas por uma flecha de Héracles envenenada que caíra da aljava, atingindo, acidentalmente, o pé do herói, como vingança de Héracles, que quis desse modo punir o perjúrio cometido por Filoctetes ao revelar o local onde ardera a pira erguida no Eta.

Ainda segundo outra versão, os gregos abandonaram Filoctetes na ilha para que ele curasse o ferimento, pois existia em Lemnos um culto de Hefesto cujos sacerdotes tinham fama de saber tratar mordeduras de serpente. O herói ter-se-ia curado, chegando algum tempo depois a Tróia, para se reunir ao exército grego.

Sófocles, na tragédia intitulada Filocletes, conta que o herói se feriu não em Ténedo, mas na pequena ilha de Crise, onde existia um altar de Filoctetes, com as imagens de uma serpente e de um arco esculpidas em bronze. Ele fora mordido por uma cobra escondida no meio de ervas altas, no momento em que limpava o altar de Crise.

A gruta onde Filoctetes viveu durante dez anos foi a única testemunha do sofrimento e da solidão deste herói. Esta gruta é caracterizada por Neoptólemo e pelo nosso herói.

Neoptólemo caracteriza o lugar habitado pelo triste herói como tendo folhagem calcada (v. 33), um copo tosco de madeira obra de artesão desajeitado e ainda com que fazer fogo (vv. 35-36) e farrapos a secar, cheios de pus repugnante (vv. 38-39).

Filoctetes descreve a gruta pela primeira vez (vv. 954-956) dizendo que a gruta era rochosa com dupla entrada, sem defesa e privado de alimento. Mais à frente (vv.1081-1094), descreve a gruta de côncava entrada como sendo abrasadora e gelada e como única testemunha da sua morte. Na hora da partida o herói despede-se da sua antiga morada (vv.1453-1454) dizendo que esta fora a sua única companhia. Assim sendo, podemos afirmar que o herói vivia enquadrado num cenário que denunciava o primitivismo do seu modus vivendi.

O trágico para Filoctetes não é somente ter sido abandonado em Lemnos. É ter de decidir se permanece na ilha ou ruma a Tróia; se se mata ou não Ulisses; se se suicida ou não. A sua única certeza é que não pretende lutar ao lado dos Atridas e de Ulisses.

A fatalidade em Filoctetes é estar no mundo sem ter participado da decisão. A sorte dele, ou não, foi o adivinho Heleno o ter citado como condição sine qua non para a destruição de Tróia. Se os Atridas não tivessem acreditado em Heleno, teriam deixado Filoctetes abandonado?

O herói viveu abandonado durante dez anos, arrastando-se penosamente pela ilha em busca do necessário. Tinha por companhia as aves, os animais, a solidão, o eco dos seus lamentos (vv. 936-940, 1081-1094, 1146, 1162, 1453...). A vida de sofrimento e de injustiça tornaram-no desconfiado.

A injustiça, o egoísmo e a traição sentidos ao longo de dez anos levaram-no a detestar a própria vida e a detestar-se a si próprio. Os homens já não lhe diziam nada, ou pouco lhe diziam.

Este herói, injustamente tratado pelos companheiros, tornou-se no homem exaltado pelos deuses, imprescindível à sociedade que o desprezou e que agora o tem de procurar. Procura-o, contudo, por necessidade e não para reparar a injustiça que lhe fizeram.

O herói é acusado de rejeitar a sociedade, mas foi ela quem o rejeitou. Filoctetes apenas exigia que o tratassem como homem e não como coisa. No entanto, era um homem livre e não escravo (vv. 995-996) e não se submeteu. Quis continuar livre, ser homem; preferiu a morte – que era certa, após lhe haverem roubado o arco a rebaixar-se e a prescindir da liberdade. Resistiu a todas as pressões, escondidas nas belas palavras e nas promessas mais sedutoras, ou acompanhadas das mais cruéis ameaças. Resistir era para ele uma virtude e não concebia que alguém o pudesse obrigar a fazer o que não queria.

Após a guerra de Tróia pouco sabemos do herói. A Odisseia refere que o herói chegou bem à sua pátria (canto III, vv.189-190), a partir daí podemos supor que o herói conseguiu chegar são e salvo a casa e que conseguiu alcançar a glória que lhe era devida.

O mito de Filoctetes tem subjacente uma clara função pedagógica. Actualmente, essa mesma função ainda prevalece. Quem lê a tragédia sofocliana consegue retirar uma lição de moral: não devemos abandonar ninguém só porque se encontra incapacitado, pois esse alguém, um dia mais tarde, pode ser precioso. Deste modo, o mito tem como objectivo criticar a maneira como a sociedade trata os que estão incapacitados.


Selecção Bibliográfica:

SÓFLOCLES, Filoctetes, Introdução, versão do grego e notas de José Ribeiro Ferreira, 2ªed., Coimbra, 1988, INIC.

FERREIRA, José Ribeiro, O drama de Filoctetes, 1ªed., Coimbra, INIC, série - Estudos de Cultura Clássica: 3, 1989.

MORAIS, Carlos, Expectativa e movimento no Filoctetes, Estudos de Cultura Clássica, INIC.

PULQUÉRIO, Manuel de Oliveira, Problemática da Tragédia So

focliana, 2ªed., INIC, s.d.

Fonte: Ana Carina Costa
Línguas e Literaturas Clássicas e Portuguesa


A vitória das emoções

Quando Luís Miguel Cintra / Filoctetes entra em cena, fazendo-se anunciar por gemidos de dor, ficamos logo a perceber o tom, patético, com que o actor decidiu dar corpo à personagem criada por Sófocles. Se, até ao momento, tínhamos ficado impressionados com a frieza do espectáculo – conferida pelo cenário e pelo desenho de luz, mas também pela interpretação contida dos actores – a partir daqui assistimos à entrada em cena do elemento humano naquilo que tem de mais orgânico e de afectuoso. A leitura á óbvia: a civilização torna-nos frios e calculistas, a natureza suaviza-nos, permite que as emoções nos dominem. Luís Miguel Cintra é, neste aspecto, o contraponto de António Fonseca. O seu Filoctetes é tão profundamente comovente como Ulisses de Fonseca é uma crueldade admirável. Os dois actores estão igualmente brilhantes o espectáculo faz-se muito do choque destes dois homens e dos mundos opostos que representam. No meio, está Duarte Guimarães/Neoptólemo, que começa como discípulo de um e acaba convertido ao outro… Para ver e meditar ( neste caso: recordar).

Fonte: Ana Maria Ribeiro, Jornalista, publicado no Correio da Manhã


O Formiga esteve lá


O nº 1 da rua Tenente Raul Cascais é um prédio banal com revestimento pedra de tijolo, tipo azulejo, duas varandas cinzentas sobressaem ao olhar menos atento.

A entrada para o edifício da Cornucópia é estreita, situada entre prédios em frente de uma porta de uma garagem. A rua é curta e termina num parque de estacionamento, com um sentido proibido. Neste domingo de sol pálido, uma temperatura agradável perdurava o silêncio pelas 16:15, dois gatinhos cinzentos malhados estavam deitados por cima da capota de um MG e outro algures.


O público começou a chegar quase em massa, e houve mesmo alguma confusão. A sala situa-se na cave e as cadeiras todas com capas brancas estão numa disposição de anfiteatro, repartidas por duas bancadas, de estrutura metálica de encaixe. A entrada é feita entre ambas.Assim poder-se-á dizer que não temos um palco, tudo decorre ao nível do solo.A destacar do cenário, os espelhos que reflectiam parte da imagem do público presente, talvez um espelho social. Simbologias...
A sala estava lotada com pessoas de várias idades, desde crianças a idosos.
Tinha caído a noite e o Jardim do Príncipe Real, deserto de pessoas, a fazer esquecer o movimento da semana, entrevêem-se perto da paragem quatro senhores vestidos por igual cumprimentam-se afectuosamente, com o Formiga a desaparecer de cena de autocarro. Fonte: Formiga





quarta-feira, novembro 15, 2006

Smiley Faces

Letra de Smiley Faces

But what did you do?
What did you say?
Did you walk or did you run away?
Where are you now?
Where have you been?
Did you come alone or did you bring a friend?

I need to know this cause I noticed you're smiling
Out in the sun, having fun and feeling free
And I can tell you know how hard this life can be
But you keep on smiling for me

What went right?
What went wrong?
Was it a story or was it a song?
Was it overnight or did it take you long?
Was knowing your weakness what made you strong?

Or all the above, oh how I love to see you smiling
And oh yeah, take a little pain just in case
You need something warm to embrace
To help you put on a smiling face

Dont you go off into the new day with any doubt
Here's a summary of something that you could smile about
Say for instance my girlfiend, she bugs me all the time
But the irony of it all is that she loves me all the time

I want to leap whenever I see you smiling
Because its easily one of the hardest things to do
Your worries and fears become your friends
And they end up smiling at you

Put on a smiley face

Fonte: Cotonete

terça-feira, novembro 14, 2006

Gnarls Barkley Smiley Faces

sexta-feira, novembro 10, 2006

OndaJazz

O Formiga apaixonou-se
por Alfama,
talvez por ser uma daqueles bairros
típicos que em cada visita
é possível encontrar
um recanto novo.

O sol mostrava o seu brilho numa destas tardes de sábado, o ideal para uma caminhada.
A escolha recaiu num percurso habitual que vai da Rua do Jardim do Tabaco até ao Campo das Cebolas depois viria o acaso e o acaso desta feita foi uma descoberta agradável: ao passar pelo Arco de Jesus, ao cimo de umas escadas estava o Onda Jazz.
Nada como uma boa porta para encantar o Formiga, com fotos e um programa.
É impressionante saber que artistas tais como o Mário Laginha e Sara Tavares fazem parte do programa. Ficava prometida uma visita para breve.
Na noite das Bruxas um Formiga esteve naquele lugar que já foi um armazém de café, e agora é uma catedral da música ao vivo e de poesia. Pela localização asssemelha-se mais a um daqueles bares americanos clandestinos fora da lei do tempo da lei seca.
Na recepção temos bons relações públicas. Num primeiro contacto notam-se velas estrategicamente bem colocadas a dar um foco de ambiente à casa aprazível, as cadeiras são multicolores: azul, preto e vermelho. As mesas são redondas ou quadradas.
Pormenores: o cocktail consumido era fraquito e rede telemóvel é inexistente. Deve estar relacionado com as paredes demasiado grossas. Construções antigas…


OndaJazz com muito Refilon

O Grupo que estava comprometido a animar a noite tinha o nome de Refilon:

Refilon, o reflexo da génese multicultural do Cabo-verdiano da nova geração Da necessidade de comunicar musicalmente nasceu o projecto Refilon, utilizando para isso uma linguagem assente na cultura e nos ritmos Cabo-verdianos. Uma nova aposta no sentido de valorizar e expandir a música de raiz tradicional e em fusão com todo o conjunto de experiências, emoções e influências. O grupo aposta nas sonoridades afro, nos jogos rítmicos do jazz e nas ambiências do blues.Fluindo nestes argumentos musicais, jogam entre si três guitarras acústicas, outras tantas vozes (às vezes quatro…cinco), um baixo, bateria e percussão, trazendo à tona um repertório de originais.
Fonte: OndaJazz Bar

Este grupo surpreendeu pela positiva.
O violino e as duas guitarras acústicas formam a parte melódica do grupo. Estes instrumentos compõem saudade e melancolia. As baterias e o baixo do Rocha são a alegria contida nos musicois ou instrumentais delirantes. O uso amiúde dos pratos é o assumir que o afro também pode ter muito jazz numa mistura rara e perfeita. "As boas maneiras" ficaram esquecidas mas nem se rasgaram peles, apenas essa ilusão... o efeito de encantar o público presente. Todos divertidos unidos num novo estilo.
Os paradoxos acontecem vezes sem conta e no decorrer do intervalo o Formiga numa pesquisa de rede de tlm pelo caminho pisa o baixo, e para compor a coisa: um polegar esticado traz ambiente e sorrisos. Parecia estar escrito que a segunda parte seria intensa.
Impossível conter umas gargalhadas sonoras, que bons foram aqueles momentos. Uma troca de olhares cúmplices a terminar a noite... faltava então o cacau que veio pelas 03:00 da manhã na Ribeira. Fonte: Formiga

domingo, outubro 15, 2006

Na mesma noite


Imagem cedida por: Cristina C.

Na mesma noite, tudo aconteceu…
Foi possível verem-se, mesmo pela distância,
Mas o importante era sentir a proximidade de suas almas.
Lindo, poder ver seu rosto apaixonado, e, ao mesmo tempo triste.

Talvez pela impossibilidade de se poderem tocar,

Sentir que mesmo longe se faz perto, não era o que queria.

Ele queria de certo muito mais, sentir seu corpo em seus braços,

Deixar o mundo parado de novo.

Mas não era possível, tinham de viver uma paixão distante.

Saber que a distância e a vida os separa, é saber que a morte está longe.

Que o mundo os tem de deixar viver, nem que seja apenas em sonho.

Uma eternidade existe sem dúvidas…eles querem que a vida se prolongue.
Não passam sem se falarem, existe um mistério inexplicável,
Algo que os deixa sufocados, tentando a todo o custo

Improvisar um encontro sem se verem.

É uma aventura, uma paixão, da qual o mundo está ausente.
Não sei se vai ser fácil, estar sem o ver tanto tempo.

Como irá reagir ela? Aguentará a ausência dele, o facto de não o poder ver?

Será possível viver de coração apertado?
As férias são belas, harmoniosas, descansadas,

Sempre bem vidas ao lazer de todos.

Mas ela não gosta, ela não quer, prefere sentir o mundo a girar,

Poder sentir todos os dias a agitação dos Homens…
Mas terá de viver assim, esperando notícias dele.

Não irá sofrer…ele não vai esquecê-la, precisa ouvi-la.

É um sentimento mutuo, de cumplicidade, de harmonia,

Os dois sentem que o Sol só nasce se o virem juntos,
A Lua só aparece quando suas almas fazem parte dela,

O Mar se agita na sua ausência e a Terra gira atiçando a paixão.

E é com o vento que as suas palavras chegam até ele,

E com a chuva que o coração bate, tendo a mesma pulsação.

Yaleo

domingo, outubro 08, 2006

Angel-a

Realização: Luc Besson. Intérpretes: Jamel Debbouze, Rie Rasmussen, Gilbert Melki, Serge Riaboukine. Nacionalidade: França, 2005.

Ele é um subserviente neurótico que é perseguido de forma implacável pelos seus credores. André incapaz de cumprir prazos decide no momento atirar-se uma ponte a fim de pôr termino à sua vida. Até que encontra uma alta e bela loura que de uma forma assumida decide mudar o rumo da sua vida começando pelos problemas práticos e depois os outros: de uma maneira simples expõe feriadas para assim conseguir reastruturar o todo da personalidade do individuo.
Quando Formiga recorda Elizabetown, um filme americano é notado que o motor de bem-fazer é uma paixão fulminante, aqui é diferente por existir um espírito de missão.
A cena do espellho acaba por não ter o resultado pretendido e nisso o filme falha na densidade do drama, já que na comédia provoca o riso com os seus diálogos quase hilariantes.
Boa fotografia e bons enquadramentos.
Formiga

De tanto bater o meu coração parou

"De Battre Mon Coeur's Arrêté"

Um do melhores filmes estreados em Portugal em 2005, o melhor dos quatro filmes do francês Jacques Audiard, "remake" nominal de "Melodia para um Assassino" (1978), de James Toback.
É um "filme negro" sem crime, nervoso e urgente, definido pelo autor como um "romance de iniciação" sobre um trintão que trabalha no lado mais sórdido do imobiliário parisiense (à imagem do pai) que começa a sonhar com a possiblidade de mudar de vida quando surge a oportunidade de passar uma audição como pianista de carreira (à imagem da falecida mãe).
Audiard ambienta esta história num inferno urbano do qual a música se paresenta como a única saída possível, com uma interpretação extrardionária de Romain Duris.

Fonte: Jornal Público, Suplemento Y, J.M.

No Verão de 2006 adquiri a edição especial de coleccionador em DVD que é composta por vários extras, tal como cerca: de vinte cenas cortadas, entrevistas, a explicação da origem do título do filme, uma canção, etc.
Na minha análise a este filme: Tom apenas tolera o seu modo de vida acomodado às diferentes situações impostas pela sua profissão, usa de modo recorrente a condutas violentas para obter resultados satisfatórios para os seus clientes, amigos e sobretudo para o seu pai que solicita amiúde cobranças difíceis.
A falecida mãe, uma pianista de carreira parece estar destinada a permanecer no esquecimento. A outra face da vida com todos os apelos da arte com um sentido que permite fugir ao absurdo urbano haveria por chegar numa oportunidade que surge pela mão do antigo agente da mãe ao incentivar a uma audição com o objectivo de se tornar pianista profissional. Por vezes bastam poucos minutos para os desejos latentes tomarem as rédeas do comando das nossas vidas. E era legitimo o abraçar deste projecto.
Tom toma uma decisão solitária, desapoiado pelo pai, incompreendido pelos amigos... É nesta conjuntura que decide preparar a sua audição com uma professora chinesa recém-chegada, nada conhecedora dos costumes e língua nativos. Sem palavras, com gestos e muita música a relação torna-se densa incrementada de uma cumplicidade cada vez maior.
As solicitações dos colegas para o desempenho de incursões nocturnas não lhe dão o sossego necessário para o sucesso e pouco confiante acaba por falhar.
Mais tarde perde o pai e tudo começa a desmoronar-se como um castelo de cartas. Talvez amparado pela rapariga chinesa já possuidora de bons conhecimentos de francês e a afirmar-se cada vez mais no mundo do espectáculo, Tom consegue estabelecer-se como um agente de espectáculos.
Em tom de conclusão pode-se dizer que aqueles que tão próximos corporeamente, lá vão ocupando um espaço que cada vez parece ser só físico e não se identificam razões das escolhas, pouco é entendido do lado emocional da questão, como é demonstrado no filme: de modo primário temos a incompetência para amar no leito conjugal e esse mal é como se alastrasse a todas as freguesias e o anti-herói deste filme deambula pelas ruas de Paris (ou da amargura) ao som dos The Kills em busca da mudança, de escapar.
Este filme foi visto pelo Formiga numa sala debaixo do nível do solo. Quem conhece o "King"? Formiga

domingo, setembro 24, 2006

Começar a Acabar

Samuel Beckett nasceu no seio de uma familia buguesa próspera mas ao contrário das expectativas dos progenitores , não conseguiu dedicar-se aos negócios. Inclinando-se desde sempre para as letras, conheceu James Joyce e tornou-se seu secretário, tendo sido fortemente influenciado por este escritor modernista. Foi professor e ensaista, mas rapidamente passou a dedicar-se apenas à Literatura. Durante a a II Guerra Mundial, envolveu-se directamente na Resistência Francesa. "À Espera de Godot", escrita em 1952, operou uma verdadeira revelação no teatro da época, sendo ainda hoje uma das peças mais representadas no mundo inteiro.

No D. Maria II, João Lagarto encena e interpreta Começar a Acabar (1970), de Samuel Beckett (1906-1989), uma selecção de fragmentos de três dos seus mais famosos romances (Molloy, Malone está a morrer e O Inominável).
Tendo como elemento unificador a figura de um homem andrajoso que, certo do seu fim, conta as suas histórias de vida, funciona como best of introspectivo , surgido um ano depois de Beckett ter recebido o Nobel.
A cena negra, sem adereços à excepção de três lâmpadas suspensas, recebe sobriamente o actor. Este, rigoroso e amador de cada gesto, oferece-nos uma deleitante hora e meia de dramas, tensões e episódios, num equilíbrio apurado entre os vários registos. Firme na relação directa com o público, quase quotidiano no tom por vez confesional, João Lagarto não se enreda em histrocismos trágicos ou fársicos, pelo contrário torna a personagem próxima e real e por isso assombrosa. Aliando um sedutor jogo de nuances de intenções ao poder quetionador e risível do texto. Lagarto cria uma excelente representação de um clássico do século XX que prima pela vontade de comunicar.

Fonte: Ana Pais, do Jornal SOL


"Estreado originalmente a 23 de Abril de 1970, no Théâtre Édouard VII, em Paris, onde se manteve em cena durante três anos (até à morte de MacGowran, pneumonia, aos 55 anos), "Começar a Acabar nunca mais foi levada à cena: Pelo menos essa é a convicção de João Lagarto, que agora decidiu "ressuscitar" a peça e interpretá-la (...)"

Fonte: Jornal do Teatro D. Maria II


Parte final do texto da peça retirado do livro: " O Inominável"

"(...) talvez seja um sonho, muito me admiraria, vou acordar, no silêncio, nunca mais vou adormecer, serei eu, ou continuar a sonhar, sonhar com o silêncio, um silêncio de sonho, cheio de murmúrios, não sei, são palavras, nunca mais vou acordar, são palavras, é o que há, tem de se continuar, é tudo o que sei, eles vão parar, sei bem o que isso é, sinto-os largarem-me, haverá silêncio, por uns instantes, alguns instantes, ou será o meu, aquele que dura, que que não durou, que continua a durar, serei eu, tem de se continuar, portanto vou continuar, tem de se dizer palavras, enquanto as houver, é preciso dizê-las, até eles me encontrarem, até eles me dizerem, estranho castigo, estranho crime, que é preciso continuar, talvez já tenha acontecido, talvez eles já me tenham dito, talvez me tenham transportado ao limiar da história , à porta que dá para a história, à porta que dá para a minha história, à porta que me dá para a minha história, muito me admiraria, se ela se abrisse, vou ser eu, vai haver silêncio, aqui onde estou, não sei, nunca saberei, no silêncio não se sabe, tenho de continuar, não posso continuar, vou continuar."

domingo, setembro 10, 2006

The Pillow Man



Num regime totalitário, um escritor é interrogado acerca do conteúdo grotesco dos seus contos e das suas semelhanças com uma série de homicídios infantis que estão a acontecer na sua cidade. O título da peça é o nome de um dos contos desse escritor onde um simpático e fofo personagem feito de almofadas encoraja crianças pequenas a suicidarem-se de forma a evitarem assim uma vida inteira de sofrimento. The Pillow Man é uma descrição maravilhosamente negra da necessidade das histórias nos fazerem sofrer, e de nos curar. fonte: MM

Num sítio onde a liberdade pessoal é virtualmente inexistente, quanto tempo pode um contador de histórias originais sobreviver antes das forças de controlo e de poder acabarem com ele? É sobre a responsabilidade de um artista pelo seu trabalho e da protecção do mesmo segundo as leis da liberdade de expressão. Pode um artista ser culpado pelos sofrimentos que provoca? E se alguém agir segundo esses sentimentos, quem é o responsável afinal?
fonte: J. Expresso



Esta peça começa logo qua
ndo o espectador ocupa o seu lugar, na renovada sala do Maria de Matos. São interessantes a boa escolha do azul dos cadeirões e o bom espaço entre filas.
O jogo de sombras é o grande indicio que um mundo se movimenta, que a história já começou há muito. E no fim da peça quando abandonamos a sala, cá fora ainda temos a real conclusão com uma carta de Katurian Katurian Katurian escrita à mão como tivesse sido feito no decurso da peça.
A palavra "caralho" aparece no texto da peça umas 40 vezes junto de outro calão, os movimentos de brutalidade, de raiva incontida podem ter origem da reminiscência das fragilidades do desencanto das histórias de infância das personagens.
Procura-se a defesa dos valores supremos da infância em geral, em tempo real, mas afinal todos regressamos ancorados com a história ao nosso passado e junto das persongens conseguimos por momentos pensar sermos dono do controlo sobre os acontecimentos, mas apenas voltamos a ser meninos e queremos não nos façam mal, não se rompam mais feridas. Quem não pode ser menino uma vez menino terá no ultraje dos acontecimentos a sua meninice de volta com toda a responsabilidade de homem grande perante a lei. As almofadas não abafam, não matam esse passado. Estas personagens podem ser ficcionais, mas o que já foi nesta vida de Formiga é sempre presente.
A arte como sugestão... quem disse que aquelas histórias com crianças eram destinadas às mesmas? Nunca poderiam ser. O azar de um homem com necessidades cognitivas especiais e sobretudo com dificuldade em separar o mundo (des)encantado do tangível que acabou por ser condicionado a seguir literalmente a intriga das histórias de seu irmão ao infligir flagelos aos mais novos, o próprio tinha sido torturado sete anos fechado num quarto. Se não fossem as almofadas seria ainda mais tempo... Ainda a referir que o encenador é Tiago Guedes, irmão do Rodrigo Guedes de Carvalho. Esta peça estreou num teatro em Londres: "National Theather Cottesloe".Formiga

Passagens do texto da peça:

"
Escreve uma história sobre um miúdo que acaba todo fodi..."


"(Escrevo) sem nenhum interesse a defender, sem interesses sociais."


"Nós não somos animais, mas apen
as lidamos com animais"

terça-feira, setembro 05, 2006

B'52

B'52 pode ser um bombardeiro norte-americano, uma bebida forte, popular nos bares da cidade ou um grupo de música que nos anos 90 fez um tremendo sucesso. Lembro-me que as rádios não cessavam de passar este "Good Stuff".
Esta banda gravou um tema com os REM e fizeram a banda sonora do filme os Flinstones chegando mesmo aparecer numa festa pomposa.
O tema "Good Stuff" é cómico e sobretudo muito alegre, isto é exactamento o oposto de um James Blunt. Por se ver Kate Person a cantar num registo altissimo e tanbém se poder reparar num inicio de canção que só pode provocar gargalhadas (popó popó po popó) com um senhor todo fleumático de um inglês excelente a dizer "erotize" num tom quase hilariante. Coisa boa? Não!? Então passa à frente. Enfim Good Stuff.

sábado, setembro 02, 2006

The B52s - Good Stuff

Nada como um bom material cantado por Kate Person nos anos 90.

quarta-feira, julho 12, 2006

Praia da Marinha



Desde de bebé que vou a esta praia e este ano não é excepção.
Sorte a minha o meu pai ter nascido a 50 metros deste Paraíso na terra.

Esta praia do concelho de Lagoa foi eleita por uma famosa revista francesa famosa como uma das 100 mais BELAS PRAIAS do MUNDO!!!
Este tópico teve a colaboração da minha prima Filipa.

Belle & Sebastian


Este grupo, que espalhou fãs por todo o mundo, vai subir pela primeira vez ao palco do Coliseu de Lisboa e promete a apoteose máxima junto dos milhares de seguidores do som de uma das mais carismáticas bandas dos últimos tempos. Os bilhetes custam 29 euros (preço único) estão à venda a partir de hoje!Todas as religiões começam com um culto. Pode parecer exagerado e até presunçoso dizer-se que os Belle & Sebastian são uma religião, mas, como aliás acontece com a maioria das bandas estandarte do universo indie, ao longo de 10 anos, sete álbuns e mais de uma mão cheia de Eps e singles a banda de Glasgow congregou em seu redor e por todo o planeta uma legião de fãs como há muito não se via em projectos à margem dos circuitos “mainstream”. Discípulos apaixonados, fervorosos consumidores de discos, t-shirts, pins e tudo o que diga respeito aos escoceses fomentaram o culto e originaram as inevitáveis comparações com outros fenómenos anteriores ocorridos uma década antes com os The Smiths, os Felt, ou os Orange Juice. Mesmo em termos de conceito musical, os Belle & Sebastian estão para estas bandas como a procura da canção perfeita está para a definição “pop” no contexto indie. E é de canções que vivem os Belle & Sebastian. Foram canções como já poucos então faziam que os seus fãs encontraram em 1996, quando a edição limitada de Tigermilk chegou a algumas lojas no Reino Unido e, principalmente, quando If You’re Feeling Sinister apareceu do nada para se tornar num dos discos mais importantes dos anos 90 e, inevitavelmente, transformar a banda num daqueles fenómenos que apenas partilhamos com os que mais queremos, em surdina, com medo de que o resto do mundo descubra e o segredo seja desfeito. Hoje, em 2006, os Belle & Sebastian já não são nenhum segredo, nem tão pouco querem passar despercebidos e já não são (só) os arquitectos de maravilhosas composições de pop de câmara, orquestrais e cheias de um lirismo de quem chega à idade adulta sem resolver muito bem as questões da adolescência. Mas nem por isso deixaram de fazer canções, nem por isso deixaram de contactar directamente com os seus fãs, nem por isso deixaram de editar prolificamente. E 2006 é mesmo um ano cheio e em cheio. Há um sétimo álbum de originais a abrir novos caminhos sem negar as raízes e a manter bem acesa a paixão de quem ouve por quem toca. The Life Pursuit é o segundo trabalho editado na Rough Trade, depois de Dear Catastrophe Waitress ter inaugurado o período pós Jeepster, editora onde lançaram para além dos já mencionados, The Boy With The Arab Strap, Fold Your Hands Child,You Walk Like A Peasant, Storytelling e a incontornável colecção de Eps recentemente compilados em Push Barman To Open Old Wounds) Há ainda um novo álbum de compilação de escolhas pessoais dos membros da banda a enriquecer a colecção Late Night Tales da Azuli Records, que inclui uma versão em português de Casaco Marrom, original da brasileira Evinha, há a maior digressão europeia e norte-americana até à data e há, finalmente, um sentido de banda. Uma banda completa e inseparável, longe dos tempos de “um grupo de pessoas rendidas ao génio de Stuart Murdoch”. Agora todos são imprescindíveis, todos contribuem para uma finalidade, todos se revêem nas músicas de The Life Pursuit, todos sentem o passado com muito mais carinho e prazer e todos, definitivamente, são os Belle & Sebastian.

Fonte: Coliseu dos Recreios

sábado, julho 08, 2006

Belle & Sebastian - Funny Little Frog

Coliseu dos Recreios
17 de Julho

domingo, junho 18, 2006

Feist



Leslie Feist é natural de Calgary, no Canadá e foi no liceu que abraçou a música como modo de vida. Depois de ter vencido um concurso de bandas, a ex-vocalista dos Placebo teve o seu primeiro espectáculo assegurando na primeira parte dos Ramones.Durante os cinco anos que se seguiram, Feist andou em digressão com os Placebo pelo Canadá, um período bastante intenso que culminou no afastamento da cantora devido a problemas vocais.Enquanto andava em digressão com a sua recente banda, Feist dedicou-se também ao seu primeiro trabalho a solo, «Monarch Lay Down Your Jewelled Head». Entretanto, travou conhecimento com Peaches, com quem andou em digressão aquando do lançamento do álbum de estreia de Peaches, «Teaches of Peaches».«Let it Die», o segundo álbum de Feist nasceu em meados de 2004,sendo que o single «Mushaboom», entre outras grandes músicas, circularam nas rádios portuguesas com alguma frequência.

In Universia, Portal dos Universitários adapt.

quinta-feira, junho 15, 2006

A vida é uma viagem

“Que fazia ele no decurso desta jornada? Em que pensava? Via passar, como pela manhã, as árvores, os tectos de colmo, os campos cultivados, e o desaparecer rápido da paisagem, que se desloca em cada cotovelo do caminho. É uma contemplação que satisfaz a alma, e quase a dispensa de pensar. Ver mil objectos pela primeira e última vez. Há aí coisa mais profundamente melancólica? Viajar é nascer e morrer a todo instante. Talvez ele, na região mais vaga do seu espírito, fizesse paralelos entre horizontes cambiantes e a existência humana. Todas as coisas desta vida fogem de contínuo diante de nós. Após um deslumbramento de luz, um eclipse, as trevas; olha-se, corre-se a toda a pressa, estendem-se as mãos para agarrar o que passa; e o que passa vai, e as mãos ficam vazias; cada acontecimento é um dobrar de ângulo de estrada, e de repente somos velhos. Sente-se como que um abalo, afigura-se tudo negro, distingue-se uma porta escura, e esse sombrio cavalo da vida, que nos arrastava, pára de súbito. E vê-se um ente desconhecido, coberto com um véu, a desatrelá-lo nas trevas.”

Victor Hugo, in Os Miseráveis

domingo, junho 11, 2006

O Formiguinha em acção numa papelaria

Numa manhã de sábado como outra qualquer fui a uma papelaria perto da minha casa. E como sempre o atendimento naquele estabelecimento é demoroso, no entanto é muito individual e pessoal.
As pessoas conhecem-se entre si bastante bem e formam uma rede social interessante.
Diz-se que é feio ouvir as conversas dos outros, mas isso é entre seres humanos, já que ninguém adivinhava que o formiguinha estava em acção.
A conversa que aqui se relata é entre a dona da papelaria e uma cliente que desabafa as suas mágoas do dia anterior. Para se não perder o fio de discurso decidi colocar unicamente o discurso da cliente e começa assim:
- Ontem ele conseguiu fugir (dum hospital psiquiátrico que não coloco aqui o nome por opção), apanhou o barco e veio a pé até casa.
Ainda tenho as pernas a tremer… chamei a policia. Ele ainda me pediu dinheiro e eu dei. E clamou: - Oh mãe porque não me vais ver!?” – Como eu pudesse ir lá com a minha saúde... Vá lá que os polícias o convenceram a ir e não foi preciso vir a ambulância…
Nesta semana o marido de uma pessoa que vê o Formiguinha todos dias também foi internado num hospital psiquiátrico, e uma colega saiu de lá, no entanto ainda não recuperou e continua de baixa.

quarta-feira, junho 07, 2006

O vizinho

Meio-dia e meia do 7-06-2006, ainda está o meu recém-falecido vizinho em casa.
Foi um pouco antes da 8:00, num dia normal, a tomar o pequeno-almoço e a ver tv, tremeu e morreu…
A família num pranto anunciou sua morte, a minha mãe acudiu, nada havia a fazer. Os outros vizinhos apareceram no apoio solidário.
No mesmo andar há poucos meses tinha desaparecido outro vizinho vítima de doença prolongada.
A nossa comunidade de 13 vizinhos perdeu dois dos seus membros em pouco tempo. Venham melhores dias...

sábado, junho 03, 2006

Meu Deus Redentor



Meus Deus Redentor, são tão fortes estes abismos...
Assento a mão na crosta recrudescente, num êxtase sagrado, escavo fundo até ser ravina (a distância) entre nós.
Uma voz refém da terra, deixa ao clamar pelo Pai a sua nudez e lágrima partilhada, o anúncio da vontade te erguer.
As tantas jornadas enjeitam uma história, e definham os passos perdidos, somos todos Teu, conseguiremos reaver o além destino.

sábado, abril 29, 2006

A mulher do jaguar

Num domingo à tarde em Lisboa estava no meu carro a ouvir música e a assistir uma queda de geada tremenda. Após a tempestade de pedras que pareciam querer partir o pára-brisas então veio um lindo e radioso sol.
De repente ao meu lado está enorme Jaguar com com um casal de meia idade. Tudo normal. Até que reparei que o vestido entalado na parte se arrastava pela estrada revolvendo as pedras de geada. Apitei e apontei de imediato para o vestido, a senhora abre e fecha a porta num gesto quase frenético e agradeceu num aceno breve, no entanto o vestido não foi recolhido e lá continuou limpando as pedrinhas de gelo.