domingo, setembro 10, 2006

The Pillow Man



Num regime totalitário, um escritor é interrogado acerca do conteúdo grotesco dos seus contos e das suas semelhanças com uma série de homicídios infantis que estão a acontecer na sua cidade. O título da peça é o nome de um dos contos desse escritor onde um simpático e fofo personagem feito de almofadas encoraja crianças pequenas a suicidarem-se de forma a evitarem assim uma vida inteira de sofrimento. The Pillow Man é uma descrição maravilhosamente negra da necessidade das histórias nos fazerem sofrer, e de nos curar. fonte: MM

Num sítio onde a liberdade pessoal é virtualmente inexistente, quanto tempo pode um contador de histórias originais sobreviver antes das forças de controlo e de poder acabarem com ele? É sobre a responsabilidade de um artista pelo seu trabalho e da protecção do mesmo segundo as leis da liberdade de expressão. Pode um artista ser culpado pelos sofrimentos que provoca? E se alguém agir segundo esses sentimentos, quem é o responsável afinal?
fonte: J. Expresso



Esta peça começa logo qua
ndo o espectador ocupa o seu lugar, na renovada sala do Maria de Matos. São interessantes a boa escolha do azul dos cadeirões e o bom espaço entre filas.
O jogo de sombras é o grande indicio que um mundo se movimenta, que a história já começou há muito. E no fim da peça quando abandonamos a sala, cá fora ainda temos a real conclusão com uma carta de Katurian Katurian Katurian escrita à mão como tivesse sido feito no decurso da peça.
A palavra "caralho" aparece no texto da peça umas 40 vezes junto de outro calão, os movimentos de brutalidade, de raiva incontida podem ter origem da reminiscência das fragilidades do desencanto das histórias de infância das personagens.
Procura-se a defesa dos valores supremos da infância em geral, em tempo real, mas afinal todos regressamos ancorados com a história ao nosso passado e junto das persongens conseguimos por momentos pensar sermos dono do controlo sobre os acontecimentos, mas apenas voltamos a ser meninos e queremos não nos façam mal, não se rompam mais feridas. Quem não pode ser menino uma vez menino terá no ultraje dos acontecimentos a sua meninice de volta com toda a responsabilidade de homem grande perante a lei. As almofadas não abafam, não matam esse passado. Estas personagens podem ser ficcionais, mas o que já foi nesta vida de Formiga é sempre presente.
A arte como sugestão... quem disse que aquelas histórias com crianças eram destinadas às mesmas? Nunca poderiam ser. O azar de um homem com necessidades cognitivas especiais e sobretudo com dificuldade em separar o mundo (des)encantado do tangível que acabou por ser condicionado a seguir literalmente a intriga das histórias de seu irmão ao infligir flagelos aos mais novos, o próprio tinha sido torturado sete anos fechado num quarto. Se não fossem as almofadas seria ainda mais tempo... Ainda a referir que o encenador é Tiago Guedes, irmão do Rodrigo Guedes de Carvalho. Esta peça estreou num teatro em Londres: "National Theather Cottesloe".Formiga

Passagens do texto da peça:

"
Escreve uma história sobre um miúdo que acaba todo fodi..."


"(Escrevo) sem nenhum interesse a defender, sem interesses sociais."


"Nós não somos animais, mas apen
as lidamos com animais"

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