domingo, outubro 08, 2006

De tanto bater o meu coração parou

"De Battre Mon Coeur's Arrêté"

Um do melhores filmes estreados em Portugal em 2005, o melhor dos quatro filmes do francês Jacques Audiard, "remake" nominal de "Melodia para um Assassino" (1978), de James Toback.
É um "filme negro" sem crime, nervoso e urgente, definido pelo autor como um "romance de iniciação" sobre um trintão que trabalha no lado mais sórdido do imobiliário parisiense (à imagem do pai) que começa a sonhar com a possiblidade de mudar de vida quando surge a oportunidade de passar uma audição como pianista de carreira (à imagem da falecida mãe).
Audiard ambienta esta história num inferno urbano do qual a música se paresenta como a única saída possível, com uma interpretação extrardionária de Romain Duris.

Fonte: Jornal Público, Suplemento Y, J.M.

No Verão de 2006 adquiri a edição especial de coleccionador em DVD que é composta por vários extras, tal como cerca: de vinte cenas cortadas, entrevistas, a explicação da origem do título do filme, uma canção, etc.
Na minha análise a este filme: Tom apenas tolera o seu modo de vida acomodado às diferentes situações impostas pela sua profissão, usa de modo recorrente a condutas violentas para obter resultados satisfatórios para os seus clientes, amigos e sobretudo para o seu pai que solicita amiúde cobranças difíceis.
A falecida mãe, uma pianista de carreira parece estar destinada a permanecer no esquecimento. A outra face da vida com todos os apelos da arte com um sentido que permite fugir ao absurdo urbano haveria por chegar numa oportunidade que surge pela mão do antigo agente da mãe ao incentivar a uma audição com o objectivo de se tornar pianista profissional. Por vezes bastam poucos minutos para os desejos latentes tomarem as rédeas do comando das nossas vidas. E era legitimo o abraçar deste projecto.
Tom toma uma decisão solitária, desapoiado pelo pai, incompreendido pelos amigos... É nesta conjuntura que decide preparar a sua audição com uma professora chinesa recém-chegada, nada conhecedora dos costumes e língua nativos. Sem palavras, com gestos e muita música a relação torna-se densa incrementada de uma cumplicidade cada vez maior.
As solicitações dos colegas para o desempenho de incursões nocturnas não lhe dão o sossego necessário para o sucesso e pouco confiante acaba por falhar.
Mais tarde perde o pai e tudo começa a desmoronar-se como um castelo de cartas. Talvez amparado pela rapariga chinesa já possuidora de bons conhecimentos de francês e a afirmar-se cada vez mais no mundo do espectáculo, Tom consegue estabelecer-se como um agente de espectáculos.
Em tom de conclusão pode-se dizer que aqueles que tão próximos corporeamente, lá vão ocupando um espaço que cada vez parece ser só físico e não se identificam razões das escolhas, pouco é entendido do lado emocional da questão, como é demonstrado no filme: de modo primário temos a incompetência para amar no leito conjugal e esse mal é como se alastrasse a todas as freguesias e o anti-herói deste filme deambula pelas ruas de Paris (ou da amargura) ao som dos The Kills em busca da mudança, de escapar.
Este filme foi visto pelo Formiga numa sala debaixo do nível do solo. Quem conhece o "King"? Formiga

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