Revelação e Decadência
Estava sentado em silêncio na taberna abandonada, debaixo das traves de madeira negras de fumo, solitário com o vinho; um cadáver resplandecente curvado sobre um corpo escuro, e as meus pés um cordeiro morto. A pálida figura da irmã saiu do azul em decomposição, e então falou a sua boca em sangue: picada de espinho negro. Ah, vibra-me ainda nos braços argênteos a violência das trovoadas. Corre, sangue, dos pés lunares florescendo nos atalhos da noite por onde passa a ratazana a chiar. Cintilai, estrelas, nas abóbadas das minhas sobrancelhas; e de mansinho ecoa o coração na noite.
Uma senhora vermelha com espada flamejante entrou na casa, fugiu com a fronte de neve. Oh, amarga morte.
E em mim ergue-se uma voz grave: Quebrei o pescoço ao meu cavalo na floresta nocturna, quando a loucura lhe saltou dos olhos púrpura, cariam sobre mim as sombras dos ulmeiros, o charco azul da fonte e a frescura negra da noite, caçador selvagem, perseguia um veado de neve, no inferno de pedra morreu o meu rosto.
E uma gota brilhante de sangue caiu do solitário; e quando dele bebi era mais amargo que a papoila; uma nuvem enegrecida envolvia-me a cabeça, as lágrimas de cristal dos anjos caídos; e de mansinho escorria o sangue da ferida argêntea da irmã, e uma chuva de fogo caiu sobre mim.
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2 comentários:
....parabéns Sérgio, só alguém com a tua sensibilidade para postar um texto tão profundo....gostei muito.
Obrigado, Beta
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